Faça a coisa certa DJ!
Com a palavra Dj Guimyts
Sempre que posso, posto em minha timeline no Facebook textos sobre alguns pensamentos que tenho sobre a cultura do DJ. Em uma publicação que fiz no dia 05 de Janeiro de 2017, citei algumas reflexões sobre atitudes e deveres de um DJ dentro da sociedade. O texto recebeu muitos comentários produtivos de pessoas que também compartilhavam das mesmas ideias. O post chamou a atenção do William que me convidou para escrever mais algumas palavras sobre o assunto aqui no site da Nest Panos.
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Guimyts acervo |
Minha paixão pela profissão DJ começou em meados dos anos 1990, quando meu irmão mais velho, Carlos Roberto, decidiu fazer uma festa em casa e convidou alguns amigos que eram DJ’s. O primeiro contato visual dos toca-discos sendo manipulados foi mágico. Meu irmão colecionava fitas K7 mixadas pelos amigos e logo, me tornei um aficionado. Passei a ouvir todos os programas mixados por DJs na cidade de Belo Horizonte e aprimorei meus ouvidos para níveis diversos de trabalho até que em meados de 2000 tive meu primeiro contato com toca-discos profissionais por meio dos DJs Orley Alves e Anderson Gomes.
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Guimyts em 1999. |
Posso dizer claramente que a partir daí, minha vida mudou. Tinha apenas 13 anos quando tudo começou e já sentia um tremendo respeito por aquela arte que estava aprendendo. A música, aliada a técnica era fascinante e isso mudou drasticamente os meus rumos. Comecei a colecionar discos, flyers de festas, reportagens e tudo que falava de Disc Jockey. Internet ainda era para poucos, mas persisti nessa colheita por informações mínimas, porém valiosas. Tornei-me um estudioso de tudo que envolvia essa profissão e por assim dizer, o Hip Hop como um todo.
A partir do desenvolvimento e do contato que tive com vários outros DJs da cena de BH, pude formar minha opinião sobre diversos assuntos e isso contribuiu muito com minha identidade. Tive a oportunidade de ver de perto DJs renomados na cidade atuando e isso serviu como incentivo para continuar um trabalho de conscientização e manutenção daquilo que vim a chamar de “Cultura DJ”. Comecei a refletir sobre qual deveria ser meu posicionamento dentro da sociedade sendo um DJ, uma vez que, não concordava com o fato de ser um mero animador de festas, sempre imaginei ser algo mais.
O aprofundamento histórico que fiz sobre o DJ e sobre o Hip Hop me trouxe muitas bases interessantes e a partir disso, comecei a perceber que o Disc Jockey poderia ser, não somente um animador de festas, mas um educador social, tomando como base todo seu conhecimento musical e técnico.
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Arte do Diggin'. |
Há cerca de cinco anos, escrevi um texto reflexivo sobre o tema “O que é ser DJ?” no site do meu programa de rádio (Junto e Mixado) e lá descrevi algumas facetas que julgo necessárias para o amadurecimento das pessoas sobre a cultura do DJ:
2º – Pesquisa: Para ser DJ é necessário ter muita bagagem teórica. É muito importante ter conhecimento sobre equipamentos, história, curiosidades do meio e também sobre música em geral, sendo ela atual ou antiga, comercial ou não. Para ser DJ e se tornar um bom DJ é necessário muita, mas muita pesquisa!
3º – Técnica: Em terceiro plano, mas não menos importante, vem à técnica que exige acima de tudo dedicação, compromisso, treino e disciplina. Não basta somente o DJ se especializar em determinado ponto, como por exemplo, performance, mixagem ou produção. É expressamente importante que o profissional em formação domine ou tenha pelo menos conhecimento básico em cada um desses itens.
4º – Soma: Um DJ não é nada dentro de sua redoma de cristal, tocando para si mesmo. Não se torne um egoísta, pois a cultura do DJ não é somente de uma pessoa. Por isso some, divida o que aprendeu e construa o conhecimento com outros DJs. Seja humilde e ouça também os leigos no assunto, eles têm muito a dizer.
5º – Equipamento: É bom deixar claro que equipamento, seja ele antigo, novo, profissional, amador, barato ou caro nunca fez e nunca fará um bom DJ sem os pontos anteriores. É importante ressaltar que o equipamento nada mais é do que uma ferramenta do DJ, sendo assim, qualquer equipamento unido a um profissional disciplinado gera bons frutos.
A manutenção e disseminação desses princípios é dever de todo DJ que preza pelo desenvolvimento da cultura nas gerações futuras. Um erro muito comum entre os ativistas dessa arte é se fechar, guardar informações, devido ao medo da apropriação alheia indevida. São livros cujas capas não se abrem, infelizmente. Todo o DJ tem que entender que a informação tem de ser passada para que mais e mais pessoas se eduquem. Tudo bem! Entendo que muitos não são propensos a montar escolas ou escrever, sendo assim, promova festas, mas sempre buscando no trabalho algo que reflita nas pessoas inspiração. Como? Seja verdadeiro, vibre e toque de forma ética. Leve contigo a marca DJ com orgulho e dedicação e estará fazendo muito por todos que valorizam essa arte.
Promovi por algumas vezes workshops para o público da cultura Hip Hop, o que foi muito proveitoso, mas uma das experiências mais marcantes envolvendo DJ e educação que fiz foi durante um período que trabalhei em uma escola pública de ensino integral. Lá desenvolvi uma oficina prática de DJ com crianças carentes e pude influenciar alguns jovens, impossível não recordar da minha história. Esse só é um exemplo do que você DJ pode desenvolver além das festas, batalhas e cyphers. Você tem muito a ensinar, experimente!
Deixo aqui meus agradecimentos ao William pelo convite e desejo a todos os Hip Hoppers do Brasil meus sinceros votos de sucesso! Muito obrigado!
DJ Guimyts – Belo Horizonte/MG
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Acompanhe as edições AO VIVO do Junto e Mixado - Cultura DJ, Música e Informação:- Domingo às 19h pela Rádio UFMG Educativa 104,5 FM e www.ufmg.br/radio.- Segunda-feira a Quinta feira: Edições noturnas pela fanpage oficial do Junto e Mixado no Facebook.
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